sábado, 18 de abril de 2015

3) Eu Sou o Bom Pastor -- c) "Cobertura Espiritual"

Textos-base: "Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos [...]"   Tiago 5:16



                     Esse jargão também é muito usado para legitimar a "autoridade" do 'pastor' sobre o seu 'rebanho'. Quantas vezes, ao longo da minha vida, durante a minha frequência aos templos evangélicos, ouvi este termo! Vou exemplificar:

                       -  "Irmãos, é importante comparecer aos cultos, aqui vocês recebem um renovo, uma nova proteção espiritual! Não deixem de vir aos cultos toda terça, quarta e aos domingos!"

                        Oi ainda:

                        - "Aqueles que param de vir aos cultos estão fora da cobertura espiritual do pastor, é melhor se arrepender como fez o filho pródigo, que retornou ao seu pai, arrependido pelos seus pecados imundos, e humilhação em meio aos porcos."

                         Percebem a sutileza da malícia? Coloca-se o pastor como uma fonte única dessa tal "cobertura espiritual", como se ele fosse uma condicionante de apólice de um seguro de vida.


                         Mais uma ferramenta para aprisionar os irmãos ao templo. Mais uma artimanha arquitetada para manter o aprisco. Os 'membros' se sentem seguros, pois pagam o prêmio da apólice, frequentam o local da cobertura, como prevê a 'apólice' que é pregada, e imaginam que nada pode dar errado em suas vidas, pois estão sob a redoma sacerdotal do 'pastor'. E se der, esse 'corretor' (pastor) vai dizer que é porque está 'em pecado'. Como se o segurado estivesse violando os termos da apólice. 
                         Meus amados! De onde os guardiões do lema "Sola Escriptura" tiraram esse termo: "cobertura espiritual"? Da bíblia? De onde? O apóstolo Tiago recomendou que orássemos uns pelos outros! Um sacerdote (como fomos intitulados por Paulo) cobre o outro, ora pelo outro, apoia o outro, visita o outro, ama o outro! A verdadeira cobertura que precisamos é semelhante a fala do personagem Leônidas do filme 300, de produção de Zack Snyder e Frank Miller, na cena em que o rei espartano treina e conversa com seu filho:

                          "A verdadeira força de um espartano, é o guerreiro ao lado dele. Respeite-o e honre-o e receberá o mesmo em troca."



                          Observe que Leônidas não disse: "a verdadeira força de um espartano é a proteção que seu rei dá a todos." Obviamente, cobertura espiritual que eu considero real é aquela dada pelo nosso Senhor Jesus, ao ouvir nossas intercessões uns pelos outros. Todos precisamos disso, quer leigos, quer clérigos. Seja liberto deste outro tipo de "Cobertura" manipuladora que querem te impor. 



sábado, 6 de abril de 2013

3) Eu Sou o Bom Pastor -- b)"O ungido"

Textos-base: "O espírito do Senhor Deus está sobre mim; porque o Senhor me ungiu para pregar boas novas aos mansos[...]; Porém vós sereis chamados sacerdotes do Senhor, e vos chamarão ministros do vosso Deus[...]"   Isaías 61:1a;6a


                          Por inúmeras vezes ouvi este ensino nos templos evangélicos: "o pastor é o ungido do Senhor....", como argumento para diversos fins. Principalmente para impedir qualquer questionamento quanto à "autoridade" do mesmo sobre as vidas dos membros da denominação. 



                              O termo "o ungido", na Escritura, se refere basicamente um tipo de pessoa: um rei! Davi, ungido por Samuel, se referia a Saul, outro rei, como o ungido do Senhor. Pedro, referiu-se ao Rei Jesus como o ungido, fazendo referência às Escrituras. Em Lucas, cap 4, O próprio Jesus, ao entrar na sinagoga em Nazaré, leu a profecia de Isaías a seu respeito: "O Espírito do Senhor Deus está sobre mim... me ungiu para pregar o evangelho." As falas do profeta se referiam ao Rei dos reis! Ele, Jesus, foi ungido! Tanto é que, ele se assentou e disse: "Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos". 
                              Amados, esta mesma unção que o Espírito derramou sobre Ele para pregar Boas Novas aos quebrantados, derramou sobre cada um de nós! Estou errado? Ele não nos chamou para reinarmos com Ele? Jesus não nos deixou obras (missões) ainda maiores para se fazer? Não nos deixou Ele outro Consolador, o próprio Espírito Santo? Este, por sua vez, não é o mesmo que o ungiu também? 
                           Se a sua resposta para essas perguntas for um SIM, então há de se concordar que ser um "ungido do Senhor", não é privilégio daqueles que se põem como sacerdotes levíticos sobre a vida dos membros da denominação. Ungidos para a missão de pregar e pastorear os discípulos, todos nós fomos. Não há uma "unção especial" sobre quem é "ordenado" pastor. A unção é sobre a Igreja!! 

                       

                         Será que, mais uma vez, voltamos ao assunto da responsabilidade de toda a igreja depositada sobre apenas a casta clerical (só porque fizeram seminário e foram ordenados sacerdotes pela religião)? Ora, a quem Pedro chama de sacerdócio santo, em sua primeira epístola? Exclusividade dos pastores evangélicos? Qual seria a intenção da religião em ensinar tão sutil distorção?


terça-feira, 2 de abril de 2013

3) Eu Sou o Bom Pastor -- a)"Eu sou pastor"

Texto-base: "Eu sou o bom Pastor. O bom Pastor dá a vida pelas ovelhas." João 10:11


                        Estava pensando sobre a diferença entre chefe e líder. Parecem sinônimos, mas não são. 
                        O chefe é aquele que recebe esse encargo: chefiar. Ele é alguém que está acima dos chefiados, dá ordens que devem ser obedecidas, caso contrário, perde-se o emprego. O chefe normalmente é evitado. Quando aparece, causa incômodo nos empregados. Exige coisas que ele mesmo não faz. Quer aparecer para o superior dele e, normalmente quando a crise aperta, exime-se da responsabilidade, culpando alguém que está abaixo dele pelo problema. 
                         O líder, por outro lado, é aquele que cativa os demais integrantes de um grupo. Ele não se põe acima dos liderados, mas ao lado. Muitas vezes, abaixo. Não precisa dar ordens, pois os liderados o imitam. Está sempre a frente dos problemas, nunca se omite. Assume suas responsabilidades diante do grupo. Sua presença traz segurança e é querido pelos liderados. 
                          Outra diferença a se pensar é entre cargo e função. Cargo é a posição que se ocupa em uma organização. Função é aquilo que se exerce.                         
                         Essa é basicamente a diferença entre o cargo de pastor e a função de pastor. A religião protestante criou um cargo sacerdotal e o denominou "pastor". Assim como a religião católica criou o cargo sacerdotal "padre". Esse cargo tem a posição de chefe da paróquia ou denominação à qual é distribuído, pela organização religiosa. Alguns desses que recebem cargos eclesiásticos, de fato realizam as funções que se consideram inerentes a esses cargos. Conheci diversos pastores evangélicos e alguns padres católicos (porque conheço poucos mesmo) que, de fato se põe como líderes, servos de seus irmãos. 
                         Em compensação, muitos que conheci, e ouvi falar, almejaram apenas o cargo, porque a religião de fato dá regalias  a quem ocupa. O cargo dá a chefia. Estou exagerando? A religião chama o ocupante do cargo de pastor de "anjo da igreja", "autoridade sobre as ovelhas", "o ungido", o "porta-voz de Deus", aquele que "traz a mensagem da parte de Deus". Não é verdade? Quem não acaba seduzido por tamanha honra? Identifica-se como sacerdote. Sente-se um sacerdote. Sente-se um "ungido". Como se o canudo e a imposição de mãos o tornassem distinto dos demais irmãos. 
                         Ao contrário da religião, Jesus deu o exemplo do que é ser pastor: sendo Deus, não se colocou como chefe diante dos discípulos. Ele se abaixou ao chão e lhes lavou os pés. Deu sua vida por eles. Ele não tinha o cargo de pastor, pois religião nenhuma lhe "ordenou" pastor. Ele ensinou a lei, no templo, quando ainda era criança, para mostrar que o seminário é meramente acadêmico. Ele recebeu a função, e a exerceu com excelência. A Lei estava em seu coração, e o Pai falava por Seu intermédio. Muitos irmãos que tenho conhecido ao longo da minha caminhada com Cristo, receberam de Deus essa função. Tendo sido "ordenados" ou não pela religião. E para as ovelhas isso é o suficiente: o cargo pode ficar pra religião. A função deve ficar para as ovelhas.

                         E você, amado. Alguém já lhe serviu como pastor? Você tem servido como pastor aos seus discípulos? Ide!   



                            

domingo, 31 de março de 2013

2) Eu Sou o Caminho -- d) "Casamento no Religioso"

Textos-base: "E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galiléia, e estava ali a mãe de Jesus. E foi convidado Jesus e seus discípulos para as bodas[...] e logo que o mestre-sala provou a água feita em vinho, não sabendo donde era, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água, chamou o mestre sala ao noivo."  João 1:1-2;9
                    "O Reino dos Céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas do seu filho" Mateus 22:2

                     Antes que me perguntem, eu me casei com minha esposa no cartório do 2º ofício em Valença-RJ, e mais tarde, celebrei a união com ela no templo da denominação metodista, da mesma cidade, com um pastor conduzindo. Pois então qual minha intenção com esse texto? Mostrar mais uma vez que uma coisa é a religião, outra é o Reino de Deus que aquela diz ser, ou proclamar de forma autêntica. Vamos às minhas explicações.
                   Todos nós, irmãos em Cristo, sabemos que Deus fez o homem e a mulher, para serem uma só carne, se darem em casamento, e procriarem e encherem a terra. É só recorrermos ao livro do Gênesis. Desde o início, então, essa união é abençoada por Deus, pois cumpre o seu propósito de família e procriação. 
                         Da mesma forma, como fui da religião evangélica por muitos anos, e não deixo de citar e admitir que me serviu para ensinar-me grande parte da verdade, sei que esta religião se gaba de seguir a Bíblia de forma integral, existindo até o termo em latim, sola scriptura, como fundamento protestante, baseando todas as diferentes doutrinas (como se denominam as diversas ramificações ideológicas da religião). 
                         Diante da bênção que é o casamento, e da bandeira sola scriptura, pergunto: qual o embasamento bíblico para o casamento no religioso? Onde, no texto bíblico, algum sacerdote ou pastor celebra algum casamento? Onde é ensinado pelos apóstolos, o que se deve dizer, quando se deve trocar as alianças, ou qual juramento proferir?
                        Pode ser lindo, não discordo que Deus de fato abençoa, normalmente é o sonho de toda a noiva, não há mal nenhum em ser celebrado assim, é salutar, público, honesto, verdadeiro, e solene. Mas definitivamente não é bíblico, como se usa no meio evangélico para autenticar algo como sendo de Deus.
                       Essa cerimônia religiosa, praticada nos templos evangélicos, é herança direta dos sacramentos católicos, o que mais uma vez reforça minhas afirmações anteriores de que, o protestantismo nasceu do catolicismo, e a cerimônia religiosa do casamento é um dos sinais disso.  O ritual do casamento é uma criação religiosa, que virou costume do cristianismo, enraizou-se na cultura religiosa cristã e é vista como um ato divinal. 
                        Meus amados, não sou contra nem condeno a cerimônia religiosa para se casar. Não há pecado nenhum nisso, até porque Jesus, nem qualquer apóstolo, sequer legislou sobre como deve ser um ato matrimonial. Mas é por isso mesmo que condeno o senso comum, no meio evangélico, que o casamento só será abençoado e legitimado por Deus se for celebrado por um pastor, no templo evangélico, se os padrinhos forem evangélicos, etc. condeno também o absurdo de algumas denominações sugerirem um "re-casamento" entre cônjuges que se uniram no espiritismo ou catolicismo. Por quê? O casamento não foi válido pra Deus? Os dois não se uniram em uma só carne? Para que essa altivez em supor que o casamento não foi válido só porque foi celebrado apenas pelo juiz, ou por um sacerdote ou líder de outra religião? Se há alguma dúvida sobre a base espiritual do casamento, não basta orar e entregar a união diariamente nas mãos de Deus?
                 Na bíblia, à qual eu recorro sempre para aprender sobre Deus, mostra que os casamentos eram celebrados pelos pais, que davam suas filhas em casamento aos noivos. E no caso da parábola de Jesus, em Mateus 22:2, um Rei (cargo político) celebrou as festas (bodas) do casamento de seu filho. Jesus, como mostra-se em João capítulo 2, transformou a água em vinho em uma FESTA de casamento à qual foi convidado, não a uma cerimônia religiosa.

                Além do casamento no religioso, quantas práticas agora você consegue enxergar que são acréscimos disfarçados de mandamentos de Deus ou necessidades espirituais indispensáveis? Observe.

sábado, 30 de março de 2013

2) Eu Sou o Caminho -- "c) Vamos à Casa do Senhor"

Texto-base: "... e Salomão lhe edificou casa; Mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta: O céu é o meu trono, e a terra o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis? diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso? Porventura não fez a minha mão todas estas coisas?" Atos 7:47-50


          A cena é mais ou menos a mesma pelas denominações espalhadas por aí. Todos reunidos, e o pastor diz: "Alegrei-me quando me disseram: vamos à Casa do Senhor!!", citando o primeiro versículo do Salmo 122:1. E todos respondem com um 'aleluia' ou um 'glória a Deus', entendendo e concordando por estar ali, no templo. Afinal, qual é a casa do Senhor? O próprio Senhor perguntou por meio do profeta: "que casa me edificareis?" A anestesia religiosa é tão poderosa, que todos conhecem (ou deveriam conhecer) o discurso de Estêvão, mas continuam dizendo "amém". Amam o templo que frequentam, como se realmente fosse a casa do Altíssimo. 
          No evangelho de João, consta que Jesus respondeu assim à samaritana: "Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai", mostrando que não faz questão de especificar um lugar para termos comunhão com Ele. Depois que o véu se rasgou, não há mais um "lugar santo". Jesus quebrou esse paradigma há aproximadamente dois mil anos. Mas a religião fez questão de resgatar o solene lugar de adoração, diferenciando-o de nossos lares ou locais de trabalho, ou qualquer outro, como o lugar mais adequado a se comportar como filhos de Deus. O lugar onde devemos ser mais santos. Os discursos contrariam isso, mas só a existência do templo arranca toda a máscara. Os pastores pregam que devemos ser em casa e na rua como somos na "igreja", mas a própria religião coloca seus templos como a casa onde você está diante do Pai; onde você deve se comportar melhor; dar o seu melhor pra Deus. Essa distorção é muito sutil, mas é real.
                 Observe a capa desta revista de escola bíblica dominical da editora Cultura Cristã para o 2º trimestre de 2013:

               Ensinam isso desde a infância: o tabernáculo, o templo de Salomão, e o templo cristão. Este último, colocado como a continuação equivocada da necessidade de se construir o lugar santo, mesmo depois do rasgar do véu, com a morte do Cordeiro. A motivação não é difícil de deduzir: existindo um templo, existe um ou mais sacerdotes sobre todos. Havendo sacerdote, supostamente encarna-se a voz de Deus, e tudo o que é dito, é da parte de Deus. O templo-casa-do-Deus-Altíssimo mantém o sistema religioso estanque e inatingível. Não há espaço para o pensamento crítico, somente para a manipulação e o controle. A Casa do Senhor conota infalibilidade, perenidade, perfeição e santidade. Se esse conceito de Casa do Senhor se desvincular do templo, ou local onde os crentes se reúnem, só fica o verdadeiro e único sentido de se reunir: comunhão com os irmãos em Cristo. Um líder estará ali para servir e ser o menor de todos. Mais um no meio do grupo, pecador também, conselheiro e servil. Ungido sim, como qualquer outro irmão, sem ser o único ou mais ungido de todos. E toda essa ideia de "igreja" que temos, cai por terra.  
           
               Porque ao invés de Casa do Senhor, não chamamos de Casa dos Irmãos? Ficaria mais coerente com a realidade. Deixemos "Casa do Senhor" para o antigo templo que edificou Salomão. o mesmo que Jesus disse derrubar e, em três dias, reedificá-lo. Sabemos o verdadeiro sentido do que nosso Senhor quis dizer com reedificar, não é?


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

2) Eu Sou o Caminho -- b) "Um Reino Dividido Contra Si"

Textos Base: "Jesus, porém, conhecendo-lhes [fariseus] seus pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo é devastado. E toda cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá."  Mateus 12:25
                          "Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós divisões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer [...] que há contenda entre vós. Quero dizer com isto que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Está Cristo dividido?[...]"  1 Co  1:10-12


                          Creio que só os textos bíblicos acima já tenham falado bastante. Por isso, não vou me alongar demais nesse texto. Só vou escrever algumas perguntas para a reflexão dos caros irmãos leitores:

                          Por que tantos nomes? Por que tanta divisão? Por que quando conheço um novo irmão a primeira pergunta que me faz é: "De que igreja você é? (dá vontade de responder: 'ué, a mesma que a sua!')"? Por que isso é necessário para autenticar o próximo como irmão? Não basta o sangue de Cristo? Por que apertos de mãos por cima dos muros? Por que essa colcha de retalhos é defendida a unhas e dentes como se fosse o próprio Reino de Deus?



2) Eu Sou o Caminho -- a) "Toda Religião tem Seus Erros"

Texto Base: "A Religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se das corrupções do mundo" Tiago 1:27


            Quando confrontados quanto aos escândalos, abusos, mentiras e intrigas que ocorrem dentro de suas denominações, os evangélicos logo chavanizam com a desculpa: "Ah, mas nenhuma religião é perfeita". Pois é, dá vontade de responder: "Então por que você não se contenta apenas em vestir a camisa da Religião Perfeita que é Jesus? Por que ao ouvir as verdades sobre a religião evangélica, dói e fere tanto o teu orgulho?"
              Nosso amado irmão e apóstolo Tiago, em sua carta, resumiu, em uma frase, todos os argumentos que postei até agora em meus textos. Guardar-se das corrupções do mundo ainda é bem destacado nos discursos pastorais. Ainda que todos admitam que a religião tem seus erros e que, entre eles, está o envolvimento da religião com a corrupção política (tanto com Política mesmo, quanto com a busca pelo poder dentro da própria denominação), todos agem como se, ser evangélico, fosse isenção de erro doutrinário e uma garantia maior de salvação perante as demais religiões, o grupo dos purificados e superiores.
                Mas o mais triste é a primeira parte do versículo. Parece que os órfãos, as viúvas, os doentes, os presos, os pobres, os famintos, os que passam frio nas ruas, etc. etc. etc. estão contando mais com a ajuda das instituições filantrópicas, espíritas kardecistas, católicos, e outros (não necessariamente nessa ordem)... aí o calo aperta. O que estão ensinando dentro desses templos? Os pastores estão pregando sermões sobre Mateus cap. 25? A carta de Tiago está sendo estudada nas escolas bíblicas? As denominações tem em sua estrutura um ministério de caridade?

               Eu sei que nosso amado irmão apóstolo já respondeu a quase 2000 anos atrás, mas vou repetir a pergunta mesmo assim: 

Qual é a Religião pura e Imaculada (que não tem erros)?

1) Não Julgueis -- d) "Aquele ali é Herege"

Texto Base: "Porque quem não é contra nós, é por nós" Marcos 9:40



               Mais uma arma da religião contra a liberdade que há em Cristo. Quando algumas verdades são ditas por alguns irmãos a respeito dos erros que o sistema religioso comete, ou por tradição, ou esporadicamente, logo surge esse chavão na boca ou na mente de alguém. Não importa se é verdade! Se fere a estrutura religiosa, por mais sensato, sábio e bíblico que possa ser, será considerado uma heresia ou um ataque contra o próprio Deus.
              Como não poderia ser tão diferente de sua mãe assim, a religião protestante age com tons sutis da santíssima inquisição medieval. Qualquer um que discorde do sistema religioso vigente é calado. Na época com torturas, atrocidades e fogueiras. Hoje, com desprezo, excomungação e preconceito.


            Não tenho eufemismos para declarar minha intenção, ao postar esses textos: apontar os danos que a religião evangélica causa na Igreja! E com isso, buscar abrir os olhos de alguns para que, assim como eu, muitos irmãos que conheço já enxergaram o quanto ela engana os santos. Podem me chamar de herege à vontade, eu sou mesmo! Herege da religião, não de Cristo! Podem me excomungar oficialmente, porque na prática eu me excomunguei da religião, mas não dos irmãos! Aposto que muitos leitores do meu blog devem me julgar assim, um herege. E tenho orgulho disso. Ser considerado um herege pela religião não é um privilégio apenas meu. Até Jesus foi acusado, pelos fariseus, de expulsar demônios por meio do poder do próprio Belzebu. Por que eu, mero pecador, não posso sofrer o mesmo constrangimento?
               Eu demorei muito a digerir a idéia, quando caiu a ficha. Eu amava frequentar os templos nos quais já me tornei membro ao longo da minha vida. Mas aos poucos consegui ir me descontaminando desses vícios de conceito que abordo neste blog e fui ficando cada vez mais convicto e seguro para publicar meus pensamentos. Hoje, não me recuso a ir a um templo. Mas minha motivação única é estar junto aos irmãos. Porque ainda considero que nossa fé é a mesma, Jesus Cristo, mesmo que a religião não seja. Vou sem problemas.
              O que os irmãos que me consideram herege não querem enxergar, é que religião evangélica e Reino de Deus não são a mesma coisa. Que ao entrar um templo evangélico, não se está entrando na Sala do Trono do Rei. Que ao entregar dinheiro num templo evangélico,  não se está pagando tributos ao Rei. Que ao dizer "sou evangélico" não significa ser um súdito do Rei. E que "aceitar" a Jesus num templo evangélico, não garante que se recebeu ao Rei. 

                   De que Reino você faz parte?

               

                    

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

1) Não Julgueis -- c)"Ele Tem o Dom da Palavra"

            Texto Base: "E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura." Marcos 16:15

          Já ouvi esse chavão algumas muitas vezes. "Aquele irmão (ou pastor) tem o dom da palavra. A pregação dele é tremenda..."
      Meus amados, isto é mais uma mazela da religiosidade que contaminou nossa cristandade. Um modelo inspirado nas religiões gregas e romanas: um templo, onde há os leigos que ouvem a "pregação", e o clero, que detém todo o conhecimento e legitimidade para esta "pregação".


        Nós não fomos feitos discípulos para permanecer toda a nossa existência comparecendo ao templo para ouvir o "sermão" abençoado que o clérigo, formado em seminário, preparou com todo sua bagagem acadêmica. E que, para reforçar sua exclusiva autoridade, se auto-conclama porta-voz do Espírito Santo de Deus.
       Essa prisão religiosa, inibe e tira a responsabilidade dos membros de anunciar o evangelho a toda criatura, pois se há aquele que é perito em pregar, elas não tem o "dom da palavra" para fazer o mesmo. Joga-se então o dever de pregar a quem tem a capacidade para isso. Pregar sermão não necessariamente é pregar o Evangelho. Ir ao templo ouvir a Palavra não é suficiente para cumprir o -Ide-. Ouvir à Palavra nem sempre é dar ouvidos a Ela: muitas vezes é mera audiência (como já fiz muitas vezes).
        Será que esse modelo de condução da pregação do evangelho está mais para "Vinde ouvir o evangelho, ó todas as criaturas" do que o que Jesus nos ordenou fazer?

Ótimo vídeo para responder: http://www.youtube.com/watch?v=BzkAj4t2ihE



1) Não Julgueis -- b) "O Desviado"

Texto Base: Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor DEUS: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas?"   Ezequiel 34:12

          Outro Jargão interessante: "desviado". Um rótulo preconceituoso e excluidor que condena um irmão que resolve sair da "igreja". É interessante como, no geral, as pessoas buscam a causa na vida da pessoa ausente, mas dificilmente a buscam dentro do próprio meio religioso de sua denominação. O número de "desviados" pode ser numeroso, mas uma venda parece impedir os irmãos de enxergar que algo ali dentro está muito errado.
          Claro que o motivo pode estar na própria pessoa. Ele pode ter saído de uma denominação para outra; pode ter saído da denominação para cultuar em sua própria casa, pode ter mudado de religião; pode ter voltado para uma vida de prática constante de antigos pecados, os quais fazia antes de se tornar um crente; etc. Os motivos podem ser os mais diversos, não pretendo enumerar algo incontável. 
            Muitos escolhem um local para congregar da mesma forma que escolhem qual o melhor mercado pra fazer compras, ou o melhor posto para abastecer seu carro: questão de gosto. A afinidade conduz o indivíduo a frequentar o local onde se sente melhor, mais acolhido, ou onde a música é melhor, ou a pregação é mais "forte". Se de alguma forma essas expectativas de entretenimento não são supridas, ele se afasta. E muitos são assim: estão ali para se servir de algo que o ambiente ofereça, não para servir os outros como membros do mesmo Corpo.
         Mas observe, quando muitos membros da denominação se afastam, aos poucos ou de repente, a causa raiz desse problema inevitavelmente é a falta de amor e cuidado. Somam-se a isso algum conflito de interesse, algum desentendimento sério, alguma ferida que não foi tratada, algum perdão que não foi liberado, ou até o que é muito comum, decepção com a liderança.
         Não há fórmula do bolo para definir a causa, mas uma coisa eu observei em todos esses anos: se a liderança (pastor ou pastores e presbíteros) estão na congregação para servir ao rebanho, este se mantém mais agregado, menos volátil, menos "rodoviária". Dificilmente, um grupo numeroso de pessoas vão voltar as costas para o restante. Se, pelo contrário, o(s) líder(es) está(ão) ali para "tosquiar as ovelhas" e "consumir suas gorduras", como o profeta Ezequiel aponta em seu livro, o rebanho inevitavelmente se dispersará, adentrando pelas portas novos incautos a cada ciclo de campanhas "evangelísticas" para atrair novos "membros".
         E na sua congregação? Além dos "desviados", alguém aponta ou julga também os "desviadores"?
            
           

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

1) Não Julgueis -- a) "Vamos à Igreja?"

          Texto Base: "Porque onde houver dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" Mateus 18:20


        Vamos à Igreja? Bem controverso esse primeiro chavão. Até porque existe a consciência generalizada de que ele é equivocado. Mesmo assim, continuam usando e mantendo a contaminação de conceito a seu respeito: associando o conceito de "igreja" ao templo físico e à denominação à qual se "pertence".
         Por isso, considero que essa consciência não se mostra suficiente para dispensar explicações sobre o que significa verdadeiramente a palavra "Igreja".  
       Etimologicamente é "chamado para fora", e vem do Grego Ekklesia. Mas nem sempre o sentido etimológico corresponde ao emprego prático da palavra ao longo dos séculos. veja o que diz a wikipedia:
        A Eclésia (em grego transliterado: ekklesia) era a principal assembléia popular da democracia ateniense na Grécia Antiga. Era a assembléia popular, aberta a todos os cidadãos homens com mais de dezoito anos. Foi criada por Sólon em 594 a.C.. Todas as classes de cidadãos podiam participar dela. 
        Então, façamos uma reflexão sobre o diálogo entre Pedro e Jesus, quando este declarou que a Pedra seria o fundamento da Igreja. Jesus não conversava em grego com os discípulos. Então, ele não disse a Pedro "edificarei a minha 'Ekklesia'". Os escritos em grego dos evangelhos tentaram dar o sentido de ajuntamento, assembléia, à Palavra do nosso Jesus, na sua língua original. Ou seja, conjunto de pessoas, grupo, reunião, mas principalmente Comunhão, em nome d'Ele, seja qual for a maneira.
       Aí vem a consciência comum dos evangélicos quanto ao assunto. Se você perguntar à maioria o que verdadeiramente é igreja, eles vão responder: "Igreja somos nós, templos do Espírito Santo...". Vão até citar a bíblia: "Onde houver dois ou três reunidos em meu Nome, ali estarei com eles." Pasmem, vão até dizer que o templo não é a Igreja. O mais incrível é que se você diz que se reune com irmãos somente na sua casa, ou num galpão por exemplo, e parar de frequentar qualquer denominação evangélica, vão contradizer todo o bonito discurso incial: "Ora, mas tem que ser membro de alguma 'igreja'..." ou: "tem que haver uma 'cobertura espiritual' do pastor..." ou ainda: "assim, sem 'igreja' para onde vão os dízimos?, etc... ou seja, contradição, reprovação, condenação, preconceito e altivez sócio-religiosa.
         Então por favor, meus amados irmãos evangélicos, parem de julgar aqueles que querem se reunir sob a bandeira anônima, ou adenominacional, ou que quer que seja em nome de Jesus. Passem a considerá-los tão abençoados e dignos da Comunhão de Jesus como os que seguem a Cristo dentro das denominações. Ou então, sugiro que mudem o texto bíblico para:
     "Porque onde estiverem reunidos o maior número possível de evangélicos, que frequentem dominicalmente um templo evangélico registrado, que recebam a cobertura espiritual de um pastor formado em seminário, ali sim, estarei com eles." 

          Assim, a contradição acabará e a posição religiosa terá a tão famosa "base bíblica".

Série "Chavões do Meio Evangélico"

             
              Olá meus irmãos, 

              Depois de mais de um ano sem publicar nada sobre nossa tão amada Igreja e nosso Senhor Jesus Cristo, aqui estou mais uma vez para iniciar uma série de pensamentos acerca do Reino. Em cada postagem, vou apresentar minhas reflexões, sem pretensão nenhuma de impor opiniões ou doutrina. Minha intenção é meramente estimular o pensamento e ponderação sobre o que estamos vivendo hoje, quanto ao aspecto "Deus" em nossa vida, e até que ponto a religião afeta este mesmo aspecto.
              
              Seguindo o conselho do nosso irmão amado e apóstolo, Paulo, que recomendou: "Não vos conformeis com este século, mais transformai-vos pela renovação da vossa mente." Romanos 12:2

               Vou dividir as postagens em 5 temas:
                       - Não Julgueis;
                       - Eu Sou o Caminho;
                       - Eu Sou o Bom Pastor;
                       - Se Fizeste aos Pequeninos, a Mim Fizeste;
                       - Nem Neste Monte Adorareis;

               Fiquem à vontade para comentar, criticar, concordar e divulgar o blog!




sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Jesus: imprevisível demais para ser religioso.

Lendo os Evangelhos, imagino ser difícil chegar à percepção que teve o escritor Paulo Brabo. Em seu livro entitulado "Em Seis Passos, o Que Faria Jesus" (numa referência aparentemente irônica ao livro "Em Seus Passos o Que Faria Jesus"), ele exemplifica o comportamento inesperado do nosso Senhor diante de situações inusitadas:

            Não havia como fazer com que o Filho do Homem fizesse o que se esperava dele. O sujeito era indomável. Quando se esperava que ele curasse o paralítico que conseguíramos descer a muito custo pelo buraco no teto, ele perdoava os pecados do infeliz. Quando se esperava que ele despachasse a prostituta que veio embaraçá-lo num jantar oficial, ele fazia com que apenas ela se sentisse à vontade. Quando se esperava que ele curasse o leproso antes de tocá-lo impunemente, Jesus fazia o contrário. Quando Pedro oferecia num único gesto um elogio e uma boa intenção, Jesus chamava-o de Satanás. Quando vinham dizer que sua família estava aguardando lá fora Jesus esclarecia que sua família já o estava seguindo aqui dentro. Quando se esperava um mínimo respeito aos religiosos, ele garantia que as prostitutas chegavam ao céu antes deles... (BRABO, Paulo. Em Seis Passos o Que Faria Jesus, 2007.)

            Olhando para nós mesmos, não podemos condenar aquelas pessoas por seus preconceitos da pessoa de Jesus. Cometeríamos os mesmos equívocos se estivéssemos em suas peles (privilegiadas). Torceríamos o nariz hoje, ao contemplarmos o Salvador retornando à Terra e dizendo que gostaria de jantar em Brasília, com um famoso deputado corrupto, receptador de mensalões. Ficaríamos surpresos, ao vê-lo reprovar aquele pregador tão eloquente do programa evangélico que passa na TV, com o mesmo furor que o fazia com os fariseus de sua época. Já pensou, Cristo derrubando as barraquinhas de CDs e livros de pregações adjacentes a um templo cristão? "Vendilhões!!!" As reações de Jesus eram exatamente o inverso do que nós esperaríamos se estivéssemos lá, armados em nosso pretensioso "bom senso" que busca formatar a Graça de Deus. Se quisermos mesmo ser imitadores desse tal Filho do Homem, um ótimo começo seria buscar o contra-senso nas nossas ações e reações em favor da humildade. Bradamos não sermos os donos da verdade, a despeito do nosso inflado ego religioso que nos denuncia aos olhares mais críticos. Tudo o que Ele fez, e está registrado nos evangelhos, zomba até hoje da nossa religião individual. Às vezes nos gabamos tanto no estudo, ensino e teoria sobre a MORTE redentora dEle, que esquecemos ter Jesus também mostrado a aplicação da VIDA.

            Recomendo aos irmãos a leitura do livro. Edificante de verdade, sem blá-blá-blá gospel.   

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

"Igreja da Caverna de Elias"

Lendo de novo a passagem de Mateus 25, a partir do versículo 31, imaginei um bode que, ao ser colocado pelos anjos à esquerda do Cordeiro, buscando se justificar, disse:

"Senhor, como não te visitei, se nasci evangélico? Fui presbítero da ICE (Igreja da Caverna de Elias) por 25 anos, fiz sermões, subi ao monte, fui em todos os cultos de oração, era levita na sua casa... Como não te dei de comer nem te vesti, se entregava meus dízimos e minhas ofertas todo santo mês, e participava das campanhas de arrecadação pela obra de Deus, sempre que havia! Eu não fui fiel?"

Então, pude me imaginar na pele desse bode, ouvindo uma resposta do Cordeiro:

"Veja este ladrão que estava crucificado comigo no calvário. Ele não fez nem um bilionésimo do que você fez. Mas entendeu direitinho o que tinha que fazer para estar à minha direita agora."

Que eu possa agir como esse ladrão arrependido, antes de ser arrebatado como apenas o evangélico que se auto-justifica.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

"O Bacon Falando do Toucinho"

     Primeiramente, respeito a todos quanto ao seu credo religioso. Não pretendo de forma alguma ofender a fé de quem quer que seja. Com este texto quero o convidar à reflexão, que gera vida, não à rebelião, que gera morte.



     "E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?" 
Mateus 7:3


     Se há uma coisa que nos faz reagir muito a qualquer crítica, é constatar que ela vem de alguém que está cometendo o mesmo que nós. Essa reação normalmente é expressa, muito apropriadamente, com aqueles famosos ditados populares: "Olha o sujo falando do mal-lavado!" ou "Aí o bacon falando do toucinho". Quem está com o argueiro no olho (a vítima da crítica) normalmente percebe mais rápido que seu acusador tem uma trave em seu próprio olho. Mas o olho que tem a trave tem muita dificuldade em se enxergar, e ver que padece do mesmo cisco que condena.

     Isso pode acontecer entre irmãos, como relata o texto, entre estranhos, e até mesmo entre grupos sociais ou religiosos. E aí, entra onde quero chegar: a crítica religiosa. Para delimitar mais o tema, por se tratar de um blog cristão, vou abordar um caso de "bacon falando de toucinho" me referindo às duas maiores divisões religiosas do Corpo de Cristo (sua Igreja): a católica romana e a protestante (evangélica).

     Em alguns aspectos, a religião protestante se diferencia da católica apostólica romana. Contudo, em muito de sua essência, herdou princípios que, a despeito dos séculos de existência e da diversidade de doutrinas e denominações, permanecem perenes. Mas isso não é suficiente para que haja plena harmonia entre as duas, visto os conflitos existentes até as gerações mais recentes, e as fronteiras filosóficas fortemente patrulhadas que as separam.

   Um dos alvos da crítica dos protestantes (ou evangélicos) em relação à religião católica romana é a afirmação do papa Pio IX que vigora até hoje de forma dogmática: "não há salvação fora da igreja católica apostólica romana".

     Em suas críticas, como uma instituição de diversas facetas doutrinárias, os evangélicos se referem a essa afirmação como uma verdadeira heresia, não admitindo uma instituição religiosa declarar-se o supra-sumo da vontade de Deus na terra. Todos enchem o peito e dizem ser Cristo o caminho para a salvação, não a religião católica.

    Na prática, os olhos dos evangélicos tem uma trave enorme quanto essa crítica! Eu posso escrever “de carteirinha”, por ter frequentado regularmente templos protestantes desde minha infância. Nos templos de Lutero há um pensamento similar ao católico, só que não é expresso com a mesma sinceridade. Pensam ter a divina missão de "pregar o evangelho" aos católicos, para desgarrá-los de seus erros e de sua suposta cegueira, como se dentro de seus templos evangélicos não existissem doentes nem cegos. Por quantas vezes ouvi pedidos de oração para que um parente católico se convertesse ao “evangelho” e fosse "salvo"! Eu mesmo fui ensinado pela religião a pedir pela conversão de parentes católicos e, por muitos anos o fiz. Hoje vejo que só enxuguei gelo, orei pra quê? Hoje reconheço, e considero-os mais cristãos do que eu em muitos aspectos. Mais dignos de Cristo do que eu, pela vida que vivem, quando olho pra mim mesmo. O senso geral dos evangélicos é o mesmo: só há salvação em Jesus.... mas só se for evangélico! Consideram isso um pré-requisito para que Jesus salve alguém. Funciona como um processo. Primeiro passo: aceitar um convite de ir ao templo. Segundo, ir até o templo. Terceiro: ouvir o "louvor" e a "palavra" e “aceitar a Jesus”. “Que alegria, os anjos do céu estão em festa neste momento, pois um pecador se converteu!!!” Pronto, agora é só ele se matricular na classe de "novos convertidos" na escola bíblica dominical, se batizar e entender que precisa ser “fiel a Deus” nos dízimos e nas ofertas! Aí está mais uma alma “ganha” pelos evangélicos para Jesus. Depois tem ainda mais um estágio: ser "batizado com o Espírito Santo, com línguas de fogo!"...Parece mais uma "fórmula do bolo", uma grade curricular, que pode em muitos casos nada ter a ver com vida, com humanidade, com Corpo de Cristo. Se acaso isso tudo for instrumento para converter alguém para Cristo, quem sou eu para questionar a Graça de Deus? Mas se for para tentar converter alguém que já é de Cristo, o máximo que vai acontecer é uma conversão... religiosa. 

   Irmão, convido você a se desarmar desse pensamento. Seja evangélico, católico, ortodoxo, fundamentalista, adventista, ou de qualquer outra divisão institucionalizada da Igreja de Cristo (perdoe-me se não citei a sua). Não chame Cristo de único Caminho da boca pra fora. Ore ou reze para que as pessoas se convertam à PESSOA de Jesus, não a uma organização religiosa. Viva de acordo com esse pensamento, olhando para outra divisão religiosa cristã como apenas mais uma religião, com suas convicções e imperfeições (por vezes menores que as da sua própria). Sabemos que o Caminho é Cristo! Então não só saiba disso, mas também pense e caia na real: religião é questão de gosto, uns preferem bacon, outros, toucinho.
       
       Se todos pensarmos assim, podemos continuar frequentando a divisão religiosa que mais atende à nossa crença, nossa maneira de pensar, mas sem deixar a comunhão com os membros do Corpo que estão debaixo de outros desenhos de vitrais ou se ajoelham diante de outras formas de cruzes. Tenho certeza que no céu, muitos se surpreenderão ao verem salvos de diversas nações, línguas, etnias, sem qualquer formação religiosa dessa ou daquela religião, mas que resolveram simplesmente seguir, crer e viver o Caminho!

      Termino o texto com uma frase de Rupertus Meldenius: “No que for essencial, unidade. No que não for, liberdade, e em tudo, caridade.”